Há quem, com a boca cheia de palavras, não consiga dizer nada ao querer falar tudo. As ruas e praças estão cheias de bocas, e já não há mais ouvidos para tantas vozes. Embora ninguém mais ouça, todos querem dizer alguma coisa.
Eu não digo mais nada. Segurando um cigarro barato com minha mão trêmula, desesperado e apático a um só tempo, assisto a fumaça preencher o vazio do meu quarto, misturando-se à voz roufenha de Bob Dylan que grita as suas dores sem saber das minhas.
Tanto melhor que não saiba mesmo, pois assim haverá uma pessoa a menos para não ter que lembrar de tudo quanto engoli calado, sem ao menos dizer “Foda-se!”...
E calado, acendo outro cigarro e espero a minha memória esquecer-se de mim.
3 comentários:
Ah, ecos de albino forjaz na caatinga !
"Há quem, com a boca cheia de palavras, não consiga dizer nada ao querer falar tudo. "
!
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